Manaus – A poucas horas da eleição norte-americana que promete ser uma disputa equilibrada, o GRUPO DIÁRIO DE COMUNICAÇÃO (GDC), ouviu análise sobre cenário econômico para para o Brasil com o resultado eleitoral favorável tanto a Donald Trump quanto a favor de Kamala Harris.
De acordo com o sócio da Portofino Multi Family Office, Adriano Cantreva, também é responsável pela área de Investimentos Internacionais da empresa, a vitória de um ou outro candidato terá influências sobre a economia brasileira.
“Eu acho que para a economia brasileira, Kamala teria um impacto mais positivo do que o Trump. O Trump defende muito o protecionismo de comércio exterior, então o exemplo maior é com a China. Colocaram tarifas em produtos importados da China. Para o Brasil, teoricamente, poderia ser ruim uma presidência do Trump, dado que ele pode aplicar mais protecionismo. O Brasil exporta várias coisas dos Estados Unidos e certamente teria ali uma ameaça pelo mercado estar se fechando. Trump não seria necessariamente bom para a economia brasileira. Ao passo que a Kamala, seria uma continuidade do que a gente tem tido hoje, não que o Brasil esteja no centro das atenções de investimento”, defendeu Cantreva.
Apesar de acreditar que o Brasil pode se beneficiar caso Kamala vença as eleições, o sócio da Portofino afirma que o País tem perdido importância no cenário internacional, do ponto de vista econômico.
“Infelizmente, o Brasil não tem tido um papel relevante. Acho que o Brasil perdeu com o passar dos anos muitas oportunidades de ter um papel mais relevante na economia mundial e como um local de investimento. Então, a gente tem testemunhado que a importância do Brasil caiu muito nos últimos anos. Mas eu acho que a Kamala acaba sendo mais positiva porque é a continuidade das políticas atuais”, afirmou.
Eduardo Cantreva também analisou como o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil pode ser impactado pelo resultado das eleições americanas.
“Há dois tipos de capital, tem o capital mais especulativo, esse capital quanto maior a taxa de juros no Brasil, mais interessante fica para os estrangeiros investirem aqui, então você vê um fluxo maior, é o chamado ‘carry trade’; onde se empresta numa moeda de taxa de juros mais baixos e investe numa moeda de taxa de juros mais alto como o real. Um capital de longo prazo, da capital de bolsa, aí isso aí é mais dependente realmente da economia brasileira, da performance da economia brasileira, a atratividade do Brasil como um receptor de investimentos. Neste quesito, depende muito mais do Brasil do que do presidente americano, ambos são um pouco mais protecionistas; o Trump sendo mais, então acho que com o Trump seria, se tivesse que dizer, talvez menos investimento no Brasil. Mas eu acho que isso depende muito do Brasil em si, da atividade do Brasil comparativamente a outros lugares do mundo.
O sócio ainda analisou as expectativas globais sobre a eleição americana em relação ao crescimento econômico mundial.
“Certamente tende a impactar a economia (mundial). A economia americana é a grande locomotiva do mundo e acaba puxando demais países. Eu acho que dependendo do que a gente tiver aí, com o presidente – pode ter um lado ou outro. No caso do Biden, ele incentivou muita economia com gasto público. Todos aqueles pacotes que foram aprovados na época do Covid foram pacotes de gastos de cinco, dez anos, de inovação da infraestrutura, uma série de coisas que deram sustentação à atividade econômica, mas com o passar dos anos, esses gastos vão diminuindo, porque os pacotes ficam velhos. Se a gente tiver muita regulamentação – como já foi prometido pela Kamala, isso não é bom, e tende a diminuir a atividade econômica. Então, eu tenho que dizer que se a Kamala ganhar a presidência, eu acho que os Estados Unidos vão ter menos influência no âmbito global”, frisou.