Por Vinícius Novais, do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a cooperação entre países para o combate ao crime organizado, ressaltando a relação entre Brasil e Itália com essa finalidade, no II Fórum Esfera Internacional em Roma no sábado (12). No painel “Cooperação Internacional”, o procurador-geral ressaltou a importância de o Brasil assinar o acordo para participar de atividades do Eurojust, um órgão que reúne Ministérios Públicos europeus.
“O acordo vai manter a autoridade central no Ministério da Justiça e vai propiciar esse mecanismo de troca de informações e financiamento de atividades relevantes, instrumentos indispensáveis para que o combate à criminalidade transnacional possa ser feito”, disse Gonet, que espera a aprovação do governo federal.
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, também salientou a necessidade da cooperação entre os países. “Ou vencemos juntos, ou perdemos sozinhos”, disse, no evento. Os participantes brasileiros elogiaram a atuação da Itália no combate à máfia.
Gonet ressaltou várias vezes que, em sua visão, o Brasil vive um momento de harmonia dos Três Poderes e das instituições de combate ao crime. O mediador do painel e colunista do Estadão, William Waack, questionou o procurador-geral se ele está, de fato, satisfeito com as relações institucionais, já que o Legislativo discute medidas para tentar limitar os poderes do Judiciário. “Estou satisfeito com a boa vontade que existe, isso é muito importante”, respondeu Gonet, que se classificou como otimista.
O procurador-geral da República enfatizou que o combate ao tráfico internacional de drogas traz respeito ao Brasil. Segundo ele, os países da Europa reconhecem o trabalho sério e têm uma boa imagem do país.
Participação de ministros
Além de Paulo Gonet e Andrei Rodrigues, também participaram do evento promovido pelo Esfera Brasil os ministros Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Como mostrou o Estadão, o evento é patrocinado pela JBS, empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista, que tem cinco ações no Supremo sob relatoria de Barroso. O Banco Master, outro patrocinador, também tem processos que tramitam na Corte. Os ministros não participaram de painéis com representantes de tais empresas.
Em nota, a JBS afirmou que sempre estimula eventos que tratem de desenvolvimento econômico em todos os países onde atuam. O grupo Esfera disse que convida seus palestrantes por sua relevância. O STF diz que não gastou passagens e diárias de ministros e defendeu a regularidade da participação em eventos.
Em sua palestra, também no sábado, Barroso disse defendeu a participação de ministros do Supremo em eventos empresariais e classificou as críticas como “preconceito contra a iniciativa privada”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também esteve no fórum. Como mostrou o Estadão, Pacheco utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para se ir até o evento, em que participou de palestra ao lado de Wesley Batista. O mineiro deu carona ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil), que deve substituí-lo na presidência do Senado, para participar de um evento do Lide em Londres.
As viagens feitas pela FAB representam um custo maior para os cofres públicos em comparação com voos comerciais. Os dois senadores partiram de Brasília na noite de quarta-feira, 9. Em nota, Pacheco disse que cumpre “agenda oficial no Senado italiano, visando o intercâmbio de iniciativas comuns entre as duas instituições legislativas”.