Por Audryn Karolyne, do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que pretende discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública com os governadores.
“Queremos compartilhar com os Estados para que a sociedade brasileira possa viver mais tranquila”, disse o petista, em entrevista ao podcast PODK Liberados, apresentado pelos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF). A entrevista foi gravada na quarta-feira (6) e exibida pela RedeTV! e no YouTube na noite de domingo (10).
“Não queremos tomar a atribuição dos governadores ou da Polícia Militar”, afirmou Lula.
O presidente também citou a importância do diálogo, inclusive com opositores, algo que, na opinião dele, não ocorria na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
A PEC é uma investida do governo para tentar minimizar os problemas da segurança pública, um dos setores mais mal avaliados do governo.
Um dos pontos centrais do texto é a inclusão na Constituição do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), a exemplo do que ocorre com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Descarbonização
Lula também disse que considera importante usar parte do dinheiro obtido com a exploração do petróleo para a descarbonização da economia. “Precisamos ensinar os países desenvolvidos a contribuir [com a transição energética]”.
Segundo Lula, falta governança mundial para monitorar o cumprimento de decisões tomadas em eventos como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que começa nesta segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão. “Se o Estado nacional não quiser cumprir, quem vai exigir? Os americanos nunca cumpriram o Protocolo de Kioto”.
Ainda sobre o clima, o presidente disse ter encontrado o Ministério do Meio Ambiente “desmontado” e que vai apresentar “um pacote de coisas bem-sucedidas” na COP30, que será realizada em Belém, no ano que vem. “Vai ser uma coisa extraordinária. Estamos preparando tudo direitinho e temos feito muita coisa importante.”
Venezuela
Questionado sobre a Venezuela, Lula disse que a ditadura de Nicolás Maduro “é problema da Venezuela, não do Brasil”. “Não posso ficar me preocupando em brigar com Nicarágua e Venezuela, preciso brigar para fazer esse País dar certo”, afirmou o petista. Assim como a Venezuela, a Nicarágua vive uma ditadura, sob o comando de Daniel Ortega.
Lula disse ainda que não cabe a ele questionar a Suprema Corte de outro país, em referência à instância máxima do Judiciário da Venezuela, que avalizou a reeleição de Maduro nas eleições de julho, apesar das denúncias de fraude. “Quero que a Venezuela viva bem, e eu vou cuidar do Brasil.”
Bets
O presidente também se manifestou sobre as apostas esportivas e disse que não vê problema em acabar com as casas de apostas se a regulamentação do setor não der certo. Lula defendeu uma legislação rigorosa para as bets e citou denúncias de manipulação de resultados de jogos de futebol contra atletas brasileiros.
“Não é possível que a gente tenha manipulação na sociedade brasileira”, disse Lula. “Esses meninos que estão jogando no exterior não têm que entrar em falcatrua. Também está em jogo que tipo de ser humano queremos”.