Manaus – Repercutiu, nesta quinta-feira (3), na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) a omissão do prefeito de Manaus, David Almeida, quanto às denúncias de irregularidades envolvendo nomes de seu secretariado. Parlamentares citaram que o prefeito manteve no cargo nomes denunciados e alvos de operações da Polícia Federal (PF). As manifestações partiram dos deputados Felipe Souza, Alessandra Campêlo, Wilker Barreto, Rozenha e Adjunto Afonso.
O deputado Felipe Souza (PRD) disse que o prefeito não tomou a mesma atitude do governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), quando o alto escalão da Prefeitura foi acusado de corrupção. Segundo o deputado, a decisão do governador foi acertada em exonerar secretários para que a Justiça possa atuar livremente, ao se referir às denúncias sobre crime eleitoral em Parintins.
“Houve uma operação da Polícia Federal na Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp) mas, curiosamente, o prefeito não afastou o secretário que continua lá exercendo o seu papel como se nada tivesse acontecido, disse Felipe Souza, que é líder do governo na ALE.
O deputado se referia às interceptações telefônicas da Polícia Federal (PF) na Operação Dente de Marfim que flagraram o empresário Carlos Edson de Oliveira Junior, sócio da Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda., falando em pagamentos ao secretário de Limpeza Pública da Prefeitura de Manaus, Sebastião Reis.
O nome ‘Dente de Marfim’ é uma alusão à empresa investigada, a Mamute. Os agentes cumpriram, em junho de 2023, 16 mandados contra empresas e escritórios de advocacia suspeitos de fraudes em contratos para serviços de limpeza pública de Manaus. E foi realizada junto à Operação entulho, que investiga empresas que emitiram notas fiscais suspeitas de serem inidôneas, entre os anos-calendário de 2016 e 2021, no valor total de R$ 245 milhões, com sonegação fiscal estimada em mais de R$ 100 milhões entre tributos federais.
A campanha eleitoral de David Almeida esconde Sabá Reis, um dos seus mais importantes apoiadores políticos e suspeito de receber propina do esquema de desvio de recursos em contratos com empresas de lixo da cidade.
Até hoje, o prefeito candidato à reeleição não se manifestou oficialmente sobre o esquema acusado na Semulsp durante a sua gestão e nem anunciou qualquer providência para apurar as denúncias investigadas pela Polícia Federal.
Ainda na sessão desta quinta-feira, a deputada estadual Alessandra Campelo (MDB) questionou o motivo do prefeito não exonerar a irmã dele, Dulce Almeida, da Secretaria de Educação, investigada pela PF por suspeita de receber propina para beneficiar empresa em contratos na administração municipal.
“Por que o prefeito não exonerou a irmã, acusada de ter recebido propina? É importante saber porque esta investigação está ocorrendo na Polícia Federal”, questionou a parlamentar.
Já o Wilker Barreto (Mobiliza) também se manifestou sobre o assunto e lembrou denúncias de pagamentos suspeitos realizados por empresas contratadas pela Prefeitura envolvendo a noiva, sogra e genro do prefeito David Almeida. “Está configurado o enriquecimento ilícito familiar. Basta ficar próximo do prefeito para ficar ‘bilionário’ . O secretário (candidato) a vice-prefeito, hoje, é um ‘case’ de sucesso. Entra com R$ 30 mil de patrimônio e já está com R$ 3 milhões”, disse, ao ironizar que essas contas são atestadas até por estudantes de Contabilidade.