Do ATUAL
MANAUS — Mais arborização parece óbvio para eliminar ilhas de calor e tornar as cidades mais verdes e menos cinzas. A sugestão é de arquitetos para os candidatos a prefeito de Manaus. As propostas são do IAB-AM (Instituto de Arquitetos do Brasil no Amazonas) e a intenção é contribuir para melhorar a arquitetura urbana e a mobilidade.
Uma das propostas é exigir que os empreendimentos públicos e privados replantem um percentual de mudas nas áreas em que atuam para proporcionar compensação ambiental com a retirada da vegetação.
Segundo o IAB, parques lineares ao longo dos igarapés também são opções viáveis para prevenir contra a poluição dos córregos e resgatar o protagonismo dos igarapés na urbanização.
Assinado pelo presidente do IAB-AM, Marcelo Borborema Correia, a carta aos candidatos cita que Manaus é uma das cidades menos arborizadas do país. Esse déficit de vegetação gera consequências nocivas como a poluição da rede hidrográfica urbana. Marcelo Borborema cita a poluição dos igarapés por lixo.
A arquiteta e urbanista Ivomara Vieira disse ao ATUAL que, se implementada, a proposta poderia trazer diversos benefícios para Manaus tornando a cidade mais ventilada, menos poluída e oferecendo sombra para amenizar o calor intenso.
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“Pode também ajudar na biodiversidade criando novos habitats. Hoje, todos os novos empreendimentos têm projetos paisagísticos fantásticos que valorizam a edificação com esse pensamento de ser projetado para minimizar esses problemas das nossas intempéries atuais”, diz.
Centro
Outra proposta do IAB é tornar o Centro Histórico uma área cultural. A ideia é reformar imóveis hoje subutilizados para adaptá-los como moradia e comércio. Para isso os imóveis antigos seriam reconhecidos como bens culturais. A sugestão consta no Plano de Preservação do Centro Histórico.
Conforme o IAB, casarões hoje abandonados e em ruínas, uma vez reformados, aumentariam a vitalidade urbana. No caso dos prédios públicos, o uso seria por concessão ou vendidos em leilão. O financiamento é pelo FunPatri (Fundo Municipal de Patrimônio Histórico).
Mobilidade
Para os arquitetos, o excesso de automóveis gera congestionamentos desnecessários dificultando a mobilidade. Isso ocorre porque o sistema de transporte público não atende adequadamente as necessidades dos cidadãos, especialmente as pessoas com deficiência. Na prática, o transporte público de passageiros ineficiente prejudica o direito de ir e vir.
O IAB propõe a aquisição de ônibus elétricos e faixas exclusivas, a exemplo do Faixa Azul, desativado em algumas avenidas de Manaus como na Autaz Mirim e Noel Nutels.
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Propõe ainda a integração de sistemas sobre trilhos, como metrôs e veículos leves, e opções hidroviárias ao sistema existente. Outras propostas incluem a ampliação da infraestrutura de calçadas e ciclovias, aliadas à arborização urbana, para melhorar a qualidade dos espaços públicos.
Ivomara Vieira sugere que para um impacto imediato no transporte de Manaus, seria interessante a “criação de um novo conceito de funcionalidade desse transporte urbano com novas vias e novos pontos de concentração dos ônibus!”. Segundo ela, nem todas as linhas deveriam chegar ao Centro. O ideal é ter pequenos terminais de troca de ônibus de bairro para vias principais que chegam ao Centro. “Pois não adianta colocar ônibus novos se o sistema viário não funcionar”.
Concurso
O IAB defende concursos de projetos, que têm sido amplamente adotados no Brasil em cidades como Brasília, Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro, para melhorar áreas críticas da cidade. “Essa inovação poderia atrair novos profissionais e empresas que podem expor seus projetos com novas ideias e sem favoritismo.
Esses projetos podem incentivar novas pesquisas com participação da comunidade para entender as necessidades locais. As pessoas ou empresas que participarão desse projeto vão adquirir experiências em novas tecnologias e métodos construtivos, promovendo uma disputa saudável e impactante para a cidade de Manaus”, conclui o Instituo.